segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Quatro estações - Primavera - viva as flores




A formiguinha e a neve

João de Barro (Braguinha)

Numa certa manhã de inverno uma formiga saía para o seu trabalho diário.

Já ia longe procurar comida quando um floco de neve caiu, prendendo o seu pézinho.

Aflita, vendo que ali poderia morrer de fome e frio, a formiga olhou para o Sol e pediu:

- Sol, tu que és tão forte, derreta a neve e desprenda o meu pézinho?

E o Sol, indiferente, respondeu:

- Mais forte que eu é o muro que me tampa.

Então a pobre formiguinha disse:

- Muro, tu que és tão forte, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pezinho? E o muro rapidamente respondeu:

- Mais forte que eu é o rato, que me rói.

A formiga, quase sem fôlego, perguntou:

- Rato, tu que és tão forte, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pézinho?

E o rato falou bem rápido:

- Mais forte que eu é o gato que me come.

A formiga então perguntou ao gato:

- Tu que és tão forte, que come o rato, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pézinho?

O gato responde sem demora:

- Mais forte que eu é o cachorro, que me persegue.

A formiguinha estava cansada e, mesmo assim, perguntou ao cachorro:

- Tu que és tão forte, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pézinho?

- Mais forte que eu é o homem, que me bate.

Pobre formiga! Quase sem força, perguntou ao homem:

- Tu que és tão forte, que bate no cachorro, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pézinho?

O homem olhou para a formiga e respondeu:

- Mais forte que eu é Deus, que tudo pode.

A formiga olhou para o céu e perguntou a Deus:

- Tu que és tão forte que tudo pode, desprenda o meu pézinho?

E Deus, que ouve todas as orações pediu à primavera que chegasse com seu carro dourado triunfal enchendo de flores os campos e de luz os caminhos, e vendo que a formiga estava quase morrendo, levou-a para um lugar onde não há inverno e nem verão e onde as flores permanecem para sempre.